“No tempo que perdemos, apenas existimos. No tempo que aproveitamos, vivemos.”
Essa frase dita por Edward Young, um poeta inglês, me fez pensar sobre a importância de
aproveitar cada momento. Do quanto vale a pena concentrar energia e ter coragem para
realizar algo que desejamos ao invés de procrastinar, nos acomodando em assistir o tempo
passar.
Mas, tão importante quanto viver é manter vivas as lembranças.
Tem gente que adia o momento de viver. E deixa para um futuro que pode nem chegar. Mas
também tem quem adie o registro de um tempo presente e, assim, no futuro, quase não tem
passado pra contar.
E o que é o tempo que passou senão lembranças? A lembrança é tudo o que temos para
provar que o passado existiu. Para contar que vivemos outros momentos, tivemos outra
fisionomia, corte de cabelo, estilo de se vestir. Que nascemos, fomos crianças, crescemos,
desbravamos lugares viajando. Que estivemos com aquelas pessoas, que sorrimos e nos
divertimos.
Nossas experiências são a maior riqueza que levamos para a vida. Elas ficam guardadas no
cofre da memória. Mas, quando esse cofre começa a ser deteriorado pelo tempo, ficamos
sujeitos à perda de uma parte dessa nossa preciosidade.
E a cada pequeno traço de memória que o tempo leva de nós, perdemos um pouco da nossa
própria história.
Um excelente antioxidante que temos são as fotografias, que ajudam a preservar os detalhes
na nossa mente, ao alcance dos olhos. Tê-las a partir de um ensaio fotográfico é a maneira
mais fiel para retratar um momento ou uma época e recontá-los.
“Ensaiar” a hora certa. Você está fazendo isso errado!
A palavra “ensaiar” está sempre presente na vida das pessoas, porém de uma forma meio
torta. Elas vivem “ensaiando” fazer fotos na primavera, mas quando a estação chega, acham
melhor esperar pelo outono. E deixam de perpetuar a beleza das flores.
Algumas “ensaiam” posar quando completarem 30 anos de idade, por ser um marco da
independência. Mas, quando chegam os 30 descobrem a gravidez e resolvem esperar a barriga
ficar grande. E quando a barriga cresce se incomodam com as marcas que aparecem e
preferem esperar pelo nascimento do bebê.
E perdem as particularidades do finalzinho de um tempo em que viviam só para elas, antes da
maternidade. E deixam de perpetuar o início de um tempo em que foram capazes de gerar a
vida e expressar o sentimento de viver por mais alguém.
Outras “ensaiam” fotografar sua jornada e suas vitórias como atleta. Mas ficam à espera pelo
“shape” bem definido. Por fim, em meio à correria cotidiana, a dieta falha, o tempo passa, as
prioridades mudam, o esporte fica esquecido e, quando se dão conta, o registro de uma época
ficou pra trás.
(Não bastasse tudo isso, quando elas resolvem contar seus feitos como atletas de
antigamente, têm que lidar com as risadinhas incrédulas dos amigos só porque estão agora
com um quilinhos a mais e uma certa protuberância abdominal. Ninguém merece! :D )
E assim vivem de “ensaios”, daquele tipo que nunca se realiza. Ou seja, vivem de tentativas de
fazer a hora acontecer. E perdem o ápice de tudo.
O nome verdadeiro disso é procrastinação! Está na hora de cortar esse palavrão do seu dia a
dia e ficar só com a essência dele: ação! Que tal?
A hora certa é agora
Um ensaio fotográfico não é sobre esperar pelas condições perfeitas para ser fotografado,
mas sobre entender que cada momento é único e deve ser registrado com toda sua
naturalidade. Esta é a palavra-chave.
Significa justamente mostrar a vida como ela é, através de um olhar profissional capaz de
evidenciar belezas e sentimentos que tanto dizem sobre você, sem expressar uma só palavra.
Por isso, pare de adiar a vida. E também o momento de eternizá-la. Aproveite sua fase especial
e faça o ensaio fotográfico no Japão que tanto sonha fazer!
Não seja a personagem do poema “O tempo”, de Mario Quintana, que dizia:
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
N. Lenarf